Numa tarde cansada de outono, quando o sol se escondeu no horizonte. Ao ruído infantil de uma fonte, eu me pus a pensar em você. Em você que se sente perdido quando põe seu olhar nas estrelas, e de tanto contá-las e vê-las, já não sabe se crê ou não crê. Eu conheço as milhões de perguntas que você que falou que não crê, e que diz que só crê no que vê, todo dia pergunta pra Deus. Eu conheço as milhões de respostas, que ninguém tem coragem de dar, quando a vida nos vem questionar; Como vê somos todos ateus. Numa tarde tristonha de inverno retornei ao murmúrio da fonte. Não havia mais sol no horizonte, e eu me pus a pensar nos cristãos. Nos cristãos que se sentem tranquilos, quando põe seu olhar nas estrelas. E de tanto contá-las e vê-las, nunca mais põe os olhos no chão. Eu conheço as milhões de respostas, que esta gente que fala que crê, mas não ouve, não pensa e não lê, não responde por medo de Deus. Eu conheço as milhões de perguntas que os cristãos nunca ousam fazer. Pois terão de se comprometer; Como vê somos todos ateus.

O homem é um Universo em Evolução

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quinta-feira, 21 de junho de 2018

Raul Seixas e o Bhagavad Gita

Os três principais livros sagrados da Humanidade são : a Bíblia, com cerca de mil anos de tradição da História do Cristianismo. Depois temos o Tao-Te-King (Lao-Tse) da China, datado aproximadamente de 600 anos antes de Cristo. E finalmente o Bhagavad-Gita, datado de aproximadamente 6 mil anos antes de Cristo e com o maior número de fiéis na face do Planeta. O Bhagavad-Gita faz parte do Mahabarata. E foi no Bhagavad-Gita que Raul Seixas e Paulo Coelho se inspiraram para compor a música Gita.

Segundo a tradição, o Senhor Krishna inicialmente o Bhagavad-Gita ao deus Sol algumas centenas de milhões de anos atrás. Essa tradição foi sendo passada de iniciado para iniciado através dos séculos, mas acabou se perdendo. Finalmente o Senhor Krishna teve que retransmitir a mensagem ao guerreiro Arjuna, no campo de batalha de Kuruksetra. Arjuna estava muito angustiado porque teria que combater contra seus próprios irmãos, sua própria família. E nesse desespero pergunta ao Senhor Krishna quem era afinal o próprio Senhor Krishna, que o tinha colocado numa situação daquelas.

E o senhor Krishna responde. Evidentemente a resposta é extremamente extensa. O livro todo conta a história desse diálogo entre o Senhor Krishna e o guerreiro Arjuna. Raul Seixas e Paulo Coelho representam a resposta do Senhor Krishna a Arjuna assim:

.............I
Às vezes você me pergunta
Por que eu sou tão calado.
Não falo de amor quase nada
E não fico sorrindo ao teu lado.
Você pensa em mim toda hora
Me come , me cospe , de deixa.
Talvez Você Não Entenda,
Mas hoje eu vo lhe mostrar:

.............II
Eu sou a Luz das Estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar
Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O Blefe do jogador
Etc...

É interessante observar que na cultura oriental a Divindade é composta da União entre o Bem e o Mal. Bem diferente é da nossa cultura, que busca eliminar o Mal , o lado negativo da vida. Deus para os Orientais não é somente composto das coisas boas. Mas também do medo , da cegueira da visão, da miséria, da dor , do sofrimento, etc. No final da música O Trem das 7, nós temos novamente essa belíssima imagem da Unidade da Divindade, quando Raul diz: Ói, olha o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu , não é mais. Vê , ói que céu , é um céu carregado e rajado, suspenso no ar... Ói, olha o Mal, vem de Braços e Abraços com o Bem num Romance Astral. Em todos os sentidos, Raul Seixas propôs uma Nova Cultura. Que ele chamou Sociedade Alternativa. Mas , vejamos o texto original de Bagavad-Gita:

Eis o trecho do célebre livro que narra o diálogo entre o príncipe-guerreiro Arjuna e o Senhor Krishna, acontecido no campo de batalha de Kuruksetra, na Índia, há mais de 3 Mil anos:

Disse Arjuna: Você é o Brahman Supremo, o último, a suprema morada e o supremo purificador; a Verdade Absoluta e a pessoa divina eterna. Você é o Deus primordial, transcendental e original, e Você é a beleza não nascida e todo-penetrante. Todos os grandes sábios como Nãrada, Asita, Devala e Vyãsa proclamam isto de Você, e agora Você Mesmo me declara isto.

(Cap.10 - texto 16): 
Por favor, fale-me detalhadamente dos Seus poderes divinos pelos quais Você penetra todos estes mundos e mora neles.

(Texto 17): Como devo meditar em Você? Em que diversas formas Você deve ser contemplado, ó Bem-Aventurado Senhor?

(Texto 18): Fale-me outra vez detalhadamente, ó , Janãrdana (Krishna) de Suas poderosas potências e glórias, pois nunca me canso de ouvir Suas palavras ambrosíacas.

Responde Krishna:

(Texto 19): O Bem-Aventurado Senhor Disse: Sim , Eu lhe falarei de Minha manifestações esplendorosas, mas somente das que são proeminentes , ó Arjuna, pois Minha opulência é ilimitada.

Dos ádityas Eu sou Visnu, das luzes eu sou o Sol radiante , dos Marutas Eu sou Marici, e entre as estrelas eu sou a lua.

Dos Vedas Eu sou o Sãma-Veda; dos semideuses eu sou Indra; dos sentidos Eu sou a mente e nos seres vivos eu sou a força viva (conhecimento).

De todos os Rudras Eu sou o senhor Siva; dos Yaksas e Rãksasas Eu sou o senhor das riquesas (Kuvera) ; dos Vasus Eu sou o fogo (Agni) , e das montanhas Eu sou o Meru.

Ó Arjuna, dos sacerdotes saida que Eu sou o principal, Brhaspati, o senhor da devoção. Dos generais Eu sou Shanda , o senhor da Guerra; e dos copos d`água Eu sou o oceano.

Dos grandes sábios Eu sou Bhrgu; das vibrações Eu sou o om transcendental. Dos sacrifícios Eu sou o cantar dos santos nomes (Japa), e das coisas imóveis Eu sou os Himalaias.

De todas as árvores, Eu sou a figueira sagrada , e entre os sábios e semideuses Eu sou Nãrada. Dos cantores dos deuses (Gandharvas) Eu sou Cytraratha, e entre os seres perfeitos Eu sou o sábio Kapila.

Saiba que dos calavos Eu sou Uccaihsravã, que surgiu dos oceanos, nascido do elixir da imortalidade; dos elefantes senhoriais Eu sou Airãvata, e entre os homens Eu sou o monarca.

Das armas Eu sou o raio; entre as vacas Eu sou a surabhi, que dá leite em abundância. Dos procriadores Eu sou Kandarpa, o deus do amor , e das serpentes Eu sou Vãsuki, a principal.

Das cobras celestiais Nãga, Eu sou Ananta; das deidades aquáticas Eu sou Varuna. Dos ancestrais falecidos eu sou Aryamã, e entre os dispensadores da lei Eu sou Yama, o senhor da morte.

Entre os demônios Daitya Eu sou o devoto Prahlãda; entre os subjugadores Eu sou o tempo; entre os animais selvagens , Eu sou o Leão, e entre as aves Eu sou garuda, carregador emplumado de Visnu.

Dos purificadores Eu sou o vento; dos manejadores de armas Eu sou Rãma; dos peixes Eu sou o tubarão, e dos rios que fluem Eu sou o Ganges.

De todas as criações Eu sou o começo e o fim e também o meio, ó Arjuna.

De todas as ciências Eu sou a ciência espiritual do Eu, e entre os lógicos Eu sou a verdade conclusiva.

Das letras Eu sou a letra A, e entre os compostos Eu sou a palavra dual. Eu sou também o tempo inesgotável, e dos criadores Eu sou Brahman, cujos muitos rostos viram-se para todos os lados.

Eu sou a morte que tu devora , e Eu sou o gerador de todas as coisas ainda por existir. Eu sou as mulheres, Eu sou a forma, a fortuna, a fala, a memória, a inteligência, a fidelidade e a paciência.

Dos hinos Eu sou o Brhat-sãma cantado para o Senhor Indra , e da poesia Eu sou o verso Gãyatri, cantado diariamente pelos brãhmanas. Dos meses Eu sou novembro e desembro, e das estações eu sou a primavera florida.

Eu sou também o jogo de azar dos enganadores, e do esplêndido Eu sou o esplendor. Eu sou a vitória. Eu sou a aventura e Eu sou a força dos fortes.

Dos descendentes de Vrsni Eu sou Vãsudeva, e dos Pãndavas eu sou Arjuna. Dos sábios Eu sou Vyãsa,e entre os grandes pensadores Eu sou Usanã.

Entre as punições, Eu sou o açoite do castigo , e dentre aqueles que buscam a vitória, eu sou a moralidade. Das coisas secretas eu sou o silêncio, e dos sábios Eu sou a sabedoria.

Além disso, ó Arjuna, Eu sou a semente geradora de todas as existências. Não há um ser - móvel ou imóvel - que possa existir sem mim.

Ó poderoso conquistador dos inimigos, não há fim para Minha manifestações divinas. O que Eu falei para você é apenas um pequeno indício de Minhas opulências infinitas.

Saiba que todas as criações belas , gloriosas e esplendosas brotam tão somente de uma centelha do Meu esplendor.

Mas qual é a necessidade , Arjuna , de todo este conhecimento detalhado? Com só um fragmento Meu Eu penetro e suporto este universo inteiro.

(Assim terminam os Significados de Bhaktivedanta correspondentes ao Décimo capítulo do Srimad-Bhagavad-Gita sobre o tema: A Opulência do Absoluto. No Capítulo décimo primeiro , Arjuna inicia dizendo:)

(Cap.11 - Texto 1): Eu ouvi Suas instruções sobre os temas espirituais confidenciais que você tao bondosamente me transmitiu, e agora minha ilusão se dissipou.

Conexão do texto com a letra de Raul e Paulo Coelho:

1) O texto acima foi retirado do livro O Bhagavad-Gita Como Ele É de autoria de Sua Dinina Graça A.C.Bhaktivedanta Suami Prabhupada (Livro que contém o texto original em sânscrito, a transliteração latina, os equivalentes em português, aqui apresentados, a tradução e significados elaborados).

2) A Música Gita foi lançado no LP de mesmo nome em 1974. Raul Seixas relançou a mesma música em inglês 14 anos depois. Chamou-a I Am (Eu Sou) e acrescentou alguns versos significativos como Eu sou a Lei de Thelema e Eu sou o poder da Vontade do Livro da Lei de Crowley. Assim , mais uma vez ele juntou o antiquíssimo Bhagavad-Gita ao contemporâneo Livro da Lei.

3) Certa vez ouvimos um psicólogo dizer que Raul Seixas tinha pirado por causa dos vários aspectos patológicos de sua personalidade, inclusive uma exacerbada megalomania. Essa megalomania estaria muito evidente no quarto Raul utiliza a primeira pessoa em Suas músicas ( Eu sou isso, Eu sou Aquilo, Eu sou Eu, etc... , inclusive a própria música Gita ele chamou (I Am - Eu sou em inglês).

Gostaríamos de esclarecer que o psicólogo está enganado. Realmente, se nós verificarmos só os títulos das músicas de Raul, poderemos encontrar Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás, Eu Quero Mesmo, Eu sou Egoísta , Eu Também Vou Reclamar , Eu vou Botar Pra Ferver, etc... Mas , segundo declarações do próprio Raul, ele utilizava essa forma para que as pessoa Que Cantam As Músicas falassem na primeira pessoa.

Numa cultura como a nossa que busca massacrar a individualidade em favor da massa , do rebanho, é muito mais importante que a pessoa aprenda a dizer Eu sou Eu, Eu Faço , Eu sou Capaz. Principalmente cantando , que é uma forma de se tornar feliz, de buscar a felicidade e auto-realização, auto-afirmação. 
Esta foi a intenção de Raul Seixas, que antes de tudo era um artista-filósofo.



Fonte: Krig-Ha Bandolo! - http://jayvaquer.rockin.net/raul/ 
Dando graças ao Pai que...e que nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado;
em quem temos a redenção, a saber, a remissão dos pecados; o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;

porque NELE foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ELE e para ELE.

Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas;
também ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência, porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude, e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz,por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas,tanto as que estão na terra como as que estão nos céus.  (Colossenses: 1, 12 à 20.) 
Gita - RAUL SEIXAS


- Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando, foi justamente num sonho que Ele me falou:
Às vezes você me pergunta
Por que é que eu sou tão calado,
Não falo de amor quase nada,
Nem fico sorrindo ao teu lado.
Você pensa em mim toda hora.
Me come, me cospe, me deixa.
Talvez você não entenda,
Mas hoje eu vou lhe mostrar.
Eu sou a luz das estrelas;
Eu sou a cor do luar;
Eu sou as coisas da vida;
Eu sou o medo de amar.
Eu sou o medo do fraco;
A força da imaginação;
O blefe do jogador;
Eu sou!... Eu fui!... Eu vou!...
Gita! Gita! Gita!
Gita! Gita!
Eu sou o seu sacrifício;
A placa de contra-mão;
O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição.
Eu sou a vela que acende;
Eu sou a luz que se apaga;
Eu sou a beira do abismo;
Eu sou o tudo e o nada.
Por que você me pergunta?
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra,
Do fogo, da água e do ar!
Você me tem todo dia,
Mas não sabe se é bom ou ruim.
Mas saiba que eu estou em você,
Mas você não está em mim.
Das telhas eu sou o telhado;
A pesca do pescador;
A letra "A" tem meu nome;
Dos sonhos eu sou o amor.
Eu sou a dona de casa
Nos pegue pagues do mundo;
Eu sou a mão do carrasco;
Sou raso, largo, profundo.
Gita! Gita! Gita!
Gita! Gita!
Eu sou a mosca da sopa
E o dente do tubarão;
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão.
Eu!
Mas eu sou o amargo da língua,
A mãe, o pai e o avô;
O filho que ainda não veio;
O início, o fim e o meio.
O início, o fim e o meio.
Eu sou o início,
O fim e o meio.
Eu sou o início
O fim e o meio.

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